terça-feira, 3 de outubro de 2017

Por ocasião do meu Mestrado (um poeminha)

Eu poderia falar esta semana sobre a greve das servidoras e servidores da Educação no Rio Grande do Sul, que já está chegando à marca de 30 dias. Afinal, sou educador e esse é um problema que me atinge frontalmente.

Eu poderia falar sobre a volta da ameaça de redução da maioridade penal. Afinal, esse é um evidente ataque à dignidade da juventude empobrecida. E o que atinge a juventude empobrecida me atinge frontalmente.

Eu poderia falar de Francisco de Assis ou de Justiça Socioambiental (aquela coisa de “Irmão Sol, Irmã Lua”, etc. e tal...). Afinal, sou ecumênico de carteirinha e franciscano de berço, e o dia do Poverello está aí. Além disso, o temporal que assolou o Rio Grande do Sul no último domingo é um sinal de que o que estamos fazendo com o planeta nos atinge frontalmente.

Enfim, eu poderia estar matando (como em Las Vegas), eu poderia estar roubando (como o nosso Congresso), mas eu estou apenas refletindo... e, refletindo, resolvi trocar todas as preocupações expostas acima por uma, que foi o foco da minha dissertação (de mestrado, obviamente), defendida e aprovada com nota máxima em 29/09 (sexta-feira passada – motivo de eu romper com a promessa de postar mais frequentemente por aqui). Afinal, poucos foram os momentos tão felizes quanto este em minha vida. E o mais importante: é um trabalho que versa sobre o jogo dramático como estratégia de emancipação de jovens estudantes de escola pública. Não precisaria repetir, mas a vulnerabilidade e a invisibilidade que esse público sofre me (nos) atinge frontalmente.

Desse modo, como tempos difíceis pedem saídas alternativas, tá aí algo que é raro eu fazer, mas que, mesmo centrado em minha dissertação, de alguma forma contempla todas as questões acima, que nos atingem frontalmente: um poeminha...


Eu dedico estas linhas...

À juventude estudantil empobrecida,
latino-americana, silenciada,
embrutecida,
que, da periferia do capitalismo,
ensaia um grito
enfurecido, doído,
oprimido;
e sonha com o dia de sua alforria
de um sistema que devia
garantir-lhe pão, paz e alegria,
mas somente dá a ilusão
de que tudo falta, inclusive a educação,
e que a única solução
é entregar-se à bonomia
de quem, jurando abnegação
anuncia a sua missão:
vim substituir sua autonomia.

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